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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O debate entre Lutero e Eck

Tendo falecido o imperador Maximiliano, em 12 de janeiro de 1519, foi só depois da eleição do 
seu sucessor, Carlos V (out. de 1519), que o processo contra Lutero foi retomado. Nesse ínterim 
um novo acontecimento patenteara a má vontade de Lutero: a discussão de Leipzig. 
Os erros de Lutero foram-se espalhando com a repulsa de uns e a aprovação de outros.
 Em breve as próprias universidades da Alemanha veriam as suas opiniões divididas, 
efeito das dúvidas e discussões suscitadas.

O enfraquecimento da fé e o relaxamento da moral eram um terreno propício para as novidades
 e revoltas.

As universidades de Wittemberg, Ingolstad e Leipzig combinaram entre si um debate público 
para resolver a pendência. O lugar escolhido foi o castelo do conde Jorge de Sax, em Leipzig.
 Ali deviam reunir-se os representantes de cada partido. O salão de honra do castelo 
foi dividido em duas partes destinadas às duas facções, com dois púlpitos no centro, 
um em frente ao outro.





O grande teólogo John Eck, paladino invencível 
da religião católica, com a idade de 43 anos.

Ilustre sacerdote que denunciou a fraude e 

o logro das heresias. Ano de 1572. 

A discussão teve início a 27 de junho de 1519 
entre Carlostad e Eck. O enviado de Lutero 
foi vergonhosamente vencido, não podendo provar
 as suas teses, nem refutar as do seu antagonista.

Referindo-se, mais tarde, a esse fracasso, falou Lutero: 
‘Em Leipzig Carlostad recolheu vergonha em vez de honra, 
mostrando-se um miserável polemista, com espírito tapado e 
tolo.’ (H. Boeckmer: Der Junge Luther 1929, pág. 255). 
A impressão foi péssima para a pretensa reforma. Os partidários chamaram Lutero para vingar 
a desfeita e soerguer a honra comprometida da nova doutrina.

Em 4 de julho reencetou-se a polêmica, desta vez entre Lutero e Dr. Eck. Tudo convergiu logo
 para a palpitante questão: a autoridade da Igreja em matéria doutrina. Lutero havia
 opugnado as indulgências, proclamando o valor supremo da Bíblia e a inutilidade das boas
 obras, mas não tinha ainda opinião formada sobre a jurisdição da Igreja em questões de 
doutrina. Caiu em contradição, titubeou, aderindo, publicamente às condenadas doutrinas 
de Huss, rejeitando a autoridade da Igreja. O Dr. Eck refutou vitoriosamente as asserções 
heréticas, e Lutero não fez papel mais brilhante do que o seu representante vencido, Carlostad. 
Os ânimos dos sectários se exaltaram e vários começaram a gritar contra as 
asserções católicas de Eck. 

A 14 de julho encerrou-se a discussão, levando os louros do triunfo o Dr. Eck, como o próprio
 Lutero depois declarou em uma carta a Melanchton: ‘Eck tem as vantagens: ele triunfa e reina.
 Estes leipziganos não nos saudaram, nem visitaram, mas nos trataram como inimigos, enquanto
 acompanharam Eck em toda parte... para nossa vergonha... aí está todo o drama: começou
 mal e acabou pior... discutimos mal.’ (Enders: corr. II, 85, 20 de julho de 1519).

O conde Jorge de Saxe, o povo de Leipzig, a universidade e os católicos hesitantes sentiram-se
 fortalecidos em sua fé, mas Lutero, recolhendo-se sob a capa do seu amor próprio ferido, se
 tornou cada vez mais intratável e grosseiro.

Ei-lo feito definitivamente herege.

LOMBAERDE, Pe. Julio Maria deO Diabo, Lutero e o Protestantismo. 2ª Ed. Manhumirim: O Lutador, 1950.

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